O
bem é a evolução mais sutil do mal.
Nietzsche
2.
ITINERÁRIO BIOGRÁFICO
Um pouco de biografia é relevante quando estamos a considerar um
filósofo da vida. Nietzsche nasceu em 1844 em Röcken, um vilarejo prussiano
perto de Leipzig, filho de um pastor luterano. Sua única irmã era dois anos
mais nova. Seu pai faleceu quando ele contava quase cinco anos de idade. Sua
mãe era também filha de um pastor luterano, tendo ele sido criado por ela e por
sua avó, de modo que toda sua família vivia em um ambiente feminino que
respirava religião. A influência da religião foi tão grande que já na
universidade ele estudou dois anos de teologia e filologia antes de perder por
completo a fé e decidir se dedicar somente à filologia, que na época era
entendida como o estudo científico das obras culturais da antiguidade,
principalmente da cultura Grega. Nesse domínio Nietzsche era considerado um
prodígio e tornou-se professor de filologia clássica em Basel na precoce idade
de 24 anos, sem sequer precisar ter escrito uma tese de doutorado.
Dos 12 aos 17 anos Nietzsche foi aluno no célebre
colégio de Pforta, que ajudou a moldar-lhe o caráter. Em Pforta ele foi um
aluno taciturno e de poucos amigos, ironicamente chamado pelos colegas de ‘o pequeno
ministro’ e ‘o Jesus no templo’, sempre voltado para a Bíblia, que lia com embevecimento.
Foi o melhor aluno de história do colégio e um mau aluno de matemática. Há um
episódio que chama atenção. Nietzsche foi chamado a fazer uma exposição sobre o
caso do legionário romano Gaius Mucius, que por não ter conseguido matar o rei
do exército inimigo decidiu castigar sua mão colocando-a a arder longamente sobre
o fogo diante do rei. Os colegas de Nietzsche não acreditaram que alguém fosse
capaz de um ato de tamanho autocontrole. Nietzsche decidiu provar isso ao vivo.
Acendeu uma pira diante da classe e colocou a sua mão para arder longamente
dentro do fogo. Ele só foi salvo de queimaduras maiores pela intervenção do
professor. Minha conclusão é a de que ele era louco já desde criança. Minha conclusão é a de que com esse gesto ele demonstrou a determinação a toda
prova que mais tarde marcaria seu destino intelectual.
Um ponto importante a ser lembrado
é que a sua formação filosófica foi na melhor das hipóteses deficiente.
Nietzsche não recebeu um aprendizado sistemático da filosofia moral de
Aristóteles a Mill e seu conhecimento de filosofia teórica era superficial e de
segunda mão. Tudo o que ele leu foram os pré-socráticos, um pouco de Platão, um
pouco de Kant – provavelmente via Schopenhauer – algum Hume, algum Spinoza, nenhum
Hegel, um pouco do utilitarismo inglês e os pensadores em voga na época (como Friedrich
Lange e Afrikan Spir), hoje raramente mencionados.
Um acontecimento intelectual muito
importante para Nietzsche foi a casual descoberta da obra de Shopenhauer
intitulada O Mundo como Vontade e
Representação em uma livraria da cidade. Como veremos, a filosofia
nietzschiana da vida nasceu de uma inversão otimista do pessimismo da vontade
defendido por Shopenhauer.
Um acontecimento pessoal de
maior importância na vida de Nietzsche foi o contato com o grande compositor
alemão Richard Wagner, de quem ele acabou por tornar-se amigo e admirador.
Wagner era uma pessoa de grande magnetismo pessoal, tendo sido sem dúvida quem
causou maior impacto na vida de Nietzsche, embora ele tenha mais tarde se
distanciado de Wagner devido ao nacionalismo e à reconciliação oportunista deste
último com o cristianismo. De qualquer modo, em seu primeiro, livro, O Nascimento da tragédia do espírito da
música (1872), Nietzsche argumentou que a atual cultura alemã lembra a
decadente cultura grega após Sócrates, podendo ser salva apenas se for permeada
pelo espírito trágico evocado pela música de Wagner. Isso agradou muito a
Wagner, mas nem um pouco aos filólogos, os quais “caíram em cima” do livro,
fazendo com que Nietzsche perdesse grande parte de sua reputação em sua
especialidade, embora continuasse atraindo alunos.
Em 1876 ele publicou um livro importante
intitulado Humano, demasiado humano.
Este foi um livro aforístico radicalmente anti-metafísico, no qual ele defendeu
que a moral deveria ser explicada em termos utilitaristas. Assim, para ele o
bem é aquilo que é benéfico à sociedade e o mal é aquilo que faz mal a ela; e a
consciência não é a voz de Deus, mas a voz dos pais e educadores.
Em 1879 ele renunciou ao seu
posto de professor de filologia clássica em Basel, não só por insatisfação, mas
principalmente devido aos problemas de saúde que sempre teve e que agora se
agravavam, passando a viver de uma pequena pensão da universidade e de alguma
renda familiar. Daí para frente ele passou escrever vorazmente, publicando
livro após livro até enlouquecer dez anos depois. Nesse entretempo Nietzsche viveu
como um cigano, pobremente, quase sempre só, em pensões que eram pelo menos situadas
em belos locais da Itália, da Suíça, da Alemanha e da França, quando não retornava
à casa de seus familiares, frequentemente doente.
Seus primeiros livros dessa
fase foram Aurora e Gaia Ciência, onde ele ataca o
cristianismo com sendo hostil à vida. Em 1881, na Alta Engadina, Nietsche teve
a ideia do eterno retorno: em um tempo infinito tudo o que já ocorreu irá se
repetir em um número infinito de vezes. Metafisicamente a ideia é pouco
atraente. Mas ele a viu como uma prova de força para a capacidade humana de
viver a vida em toda a sua plenitude. O que o homem deve ambicionar é pensar e
agir de modo a ser eternamente orgulhoso de si mesmo, o que exigirá que ele
seja capaz de querer ver seus pensamentos, dores, agonias, humilhações,
infinitamente repetidas.
Há algo de verdadeiro nisso. Se pensarmos e
agirmos de modo completamente consciente e corajoso, sem nenhuma auto-ilusão,
isso significa que se precisamente as mesmas circunstâncias nas quais essa ação
se deu fossem repetidas, nós quereríamos que nossa ação fosse exatamente a
mesma e não outra, sendo esse um bom teste de afirmação da vida para aquele que
não se engana sobre ela (a eliminação da acrasia). Mas me parece claro que o
teste só daria certo se o passado fosse esquecido, pois se retivéssemos a
memória das ações anteriores e do que aprendemos com elas e depois delas, nós em
muitos casos inevitavelmente desejaríamos com toda nossa força interior fazer
algo diverso. Mas como o que Nietzsche parece supor é que os pensamentos,
dores, agonias... sejam repetidos com a consciência de que estão sendo
repetidos, só a falta de reflexão pode nos levar a pensar que essa tortura
seria mais um teste de força do que um simples teste de teimosia (o excesso de
fantasia costuma limitar o escrutínio crítico).
Foi na Engadina que Nietzsche
escreveu Assim falava Zaratustra
(1883-1885), sua maior obra em termos literários, que dá início ao período de
maturidade de sua filosofia. Ideias importantes como a do super-homem e da
transvaloração de todos os valores são aí introduzidas. As melhores obras de
Nietzsche são desse período. Além do bem
e do mal é um livro que desenvolve ideias metaforicamente sugeridas em Zaratustra. E A genealogia da moral é um livrinho que desenvolve sinteticamente
as bases polêmicas de sua filosofia moral, sendo o seu mais importante trabalho
em termos puramente filosóficos.
Depois disso Nietzsche planejou
uma sistematização de sua filosofia em um livro sobre a transvaloração de todos
os valores. Ele queria substituir a moral cristã, dependente de um Deus pessoal
não mais aceitável, por um novo modo de ser além da moral, inspirado pelo
exemplo dos heróis da mitologia grega. É possível, como alguns acreditam, que
nesse ponto sua obra tenha chegado diante de dificuldades intransponíveis.
Faltavam-lhe os ingredientes teóricos que lhe permitissem superar a moral
cristã que ele tão bem conhecia. Criticá-la era uma coisa, transvalorá-la
outra. Parece que nesse domínio tudo o que ele conseguiu ensaiar era uma
espécie de cristianismo às avessas, incapaz de transcender suficientemente o
pano de fundo cultural da época à qual pertencia. Pode ser que só hoje, pelo
lento progresso da filosofia moral, estejamos começando a nos tornar capazes,
pelo esforço conjugado de muitos, de nos aproximar de uma mais convincente
ética laica que se chegue perto de uma justificação científica do comportamento
moral. Mas Nietzsche estava distante de possuir os meios intelectuais que permitissem
encontrar respostas eficazes, tão pouco como os atomistas gregos possuíam os
meios intelectuais para desenvolver a mecânica quântica.
Em 1889, em Turin, Nietzsche enlouqueceu,
segundo consta abraçando aos prantos um cavalo que havia sido açoitado na praça
e depois desmaiando. Ele não recuperou mais a razão. Livros escritos pouco
antes da perda da sanidade, como O
Anticristo e Esse Homo, embora
lúcidos, já evidenciavam um delírio de grandeza anunciador de sua rápida perda
de equilíbrio mental.
Nietzsche passou os últimos dez
anos de sua vida primeiro na casa de sua mãe e depois na de sua irmã, sem
recobrar a lucidez. Ironicamente, só por essa época sua obra começou a se
tornar conhecida.
É preciso notar que sua irmã, tendo
sido casada com um radical de direita, usou a obra de Nietzsche devidamente
expurgada de modo a estabelecê-lo como um “filósofo oficial” do terceiro Reich,
admirado por Hitler e Mussolini. Ela publicou como se fosse sua obra principal
uma coleção de anotações escritas em seus últimos tempos de lucidez, subtraindo
passagens que não se conformavam com a ideologia nazista e intitulando-a
arbitrariamente Vontade para poder (Willen zur Macht).
É injusto imputar a Nietzsche
responsabilidade pelo sequestro de sua obra pelos nazistas, pois ele tanto
criticava a democracia como abominava os totalitarismos que desrespeitavam a
liberdade humana, além de desprezar a cultura alemã, que ele via como
repressora do elemento dionisíaco da natureza humana. Nietzsche foi um monarquista
liberal e um pluralista cultural que literalmente escreveu que a humanidade tinha
uma dívida de gratidão para com os judeus, tendo mesmo sugerido que os antisemitas
fossem banidos da Alemanha. Dá para imaginar que o individualismo
descompromissado de Nietzsche o teria provavelmente levado a rejeitar o nazismo
como uma manifestação do ressentimento de uma malta de mentes primárias alçada
ao poder.
Uma última questão é a da
verdadeira causa de seu colapso mental. Essa é uma questão controversa. Há uma
variedade de hipóteses e quero me restringir a três delas. A primeira é a
tradicional e a mais aceita: a de que ele contraiu sífilis em algum bordel,
mesmo que ele tenha afirmado que ao entrar lá só tocou no piano. É preciso
notar que no século XIX a sífilis era uma epidemia europeia, uma doença
incurável, que atingia cerca de 20% dos homens e que em uma dezena de anos
atingia o cérebro causando delírios de grandeza, paralisia progressiva e morte.
Aos médicos de Basel que diagnosticaram a doença em Nietzsche não faltava
certamente experiência.
Supondo que Nietzsche realmente
tivesse contraído sífilis é improvável que ele de nada desconfiasse. A
suposição da doença ajuda a explicar as constantes evidências da fragilidade de
sua saúde e mesmo a decisão de abandonar o seu posto na universidade e viver de
si mesmo escrevendo em isolamento. Essa hipótese explicaria porque nos dez anos
seguintes, entre a contração da doença e a entrada no estágio terciário, ele
viveu uma vida cada vez mais reclusa, dedicando-se apenas a escrever,
provendo-se daquela liberdade de dizer dos que tem consciência de que a opinião
pública quase deixou de importar. Ele usou esse tempo para escrever suas obras
mais importantes, para, em seu dizer, tornar-se o que era. O amor fati (amor ao destino) pode ter razões ocultas.
A segunda possibilidade é a de
que ele tenha tido um tumor cerebral de desenvolvimento lento, talvez herdado
de seu pai, que faleceu jovem de um tumor que também o fez perder a razão. Esse
tumor teria se desenvolvido lentamente e quando chegou a uma massa crítica fez
com que Nietzsche perdesse a estabilidade mental. Essa hipótese explica algumas
coisas, como as suas dores de cabeça intensas e o fato dele ter um globo ocular
projetado para frente.
Uma terceira hipótese é a de
que ele enlouqueceu porque sempre foi uma pessoa psicologicamente frágil e
pouco equilibrada, acabando vítima de contradições que ele não conseguia mais
racionalizar. Mas essa hipótese é pouco consistente com a paralisia física
progressiva que veio a ocorrer depois da perda da sanidade.
Essa é uma questão sobre a qual
pouco se pode especular. A única maneira de resolvê-la poderia ser pela
exumação de seu corpo.
3. TEORIA DA VERDADE
Apesar de muitas observações enigmáticas e incongruentes, é possível delinear
uma teoria da verdade com base nos escritos de Nietzsche. Essa teoria tem sido
chamada de social-relativista ou perspectivista.
Ela antecipou as teorias pragmáticas da verdade propostas por filósofos como
William James. É razoável começarmos expondo a concepção nietzschiana de
verdade, visto que ela influenciou suas atitudes intelectuais e seu pensamento
em geral.
Para Nietzsche uma teoria é chamada
de verdadeira quando ela é útil para
certa espécie ou tipo de ser humano. O tipo humano que lhe interessa é o do
homem superior, capaz de afirmar a vida e realizar as suas potencialidades.
Isso conduz ao critério de verdade, que para Nietzsche é a intensificação do sentimento de poder. O que vale para a verdade
vale também para o conhecimento. O conhecimento é um instrumento do poder. O
desejo de conhecer não resulta de mera curiosidade, como teria acreditado
Aristóteles. Ele decorre da vontade de poder que está na base das necessidades
vitais do animal humano. Daí que o objetivo do conhecimento não é alcançar a
verdade absoluta sobre as coisas, mas simplesmente dominar.
Nietzsche pretende ter demonstrado
essa sua maneira de ver através de uma retrospectiva bastante genérica do que
grandes céticos como Hume disseram de algumas ambiciosas verdades filosóficas
que no fundo não teriam fundamentação outra que não a da preservação da vida. Por exemplo: interpretamos o eu
como sendo permanente, e o mesmo entendemos com respeito a uma pretensa
substância subjacente às coisas que nos cercam. Mas não possuímos experiência
sensível nem do eu nem de uma substância subjacente. Acreditamos que todo
evento tem uma causa. Mas como Hume demonstrou essa crença não pode ser
provada. Acreditamos que tudo tem uma causa porque essa crença se demonstrou útil
para a espécie. Mesmo as leis científicas e até mesmo as leis lógicas, como o
princípio da contradição, não possuem fundamento último. Nós as aceitamos
porque elas nos servem. As verdades não passam de ficções úteis, que como
moedas gastas de tal modo se sedimentaram em nossa linguagem que não as vemos
como metal sem nos perguntarmos sobre sua origem.
Aqui surge uma pergunta: qual o
status da própria concepção da verdade de Nietzsche? É ela verdadeira em si
mesma ou também ela é uma ficção útil? Se ela é verdadeira em si mesma, então
Nietzsche tem a pretensão de dizer algo de absoluto sobre a natureza da verdade
e talvez sobre algumas outras doutrinas filosóficas suas. Mas se ela é uma
ficção útil, então ela não garante aquilo mesmo que afirma sobre as outras
verdades. Ela vale para aquele que a afirma e para quem se sentir motivado a
afirmar o mesmo. Nietzsche nunca se posicionou claramente sobre esse ponto crucial.
É preciso notar que concepções
pragmáticas, relativistas ou perspectivistas da verdade, tais como a sugerida
por Nietzsche, encontram dificuldades ao conduzirem a uma antropomorfização
subjetivista daquilo que a primeira vista parece possuir uma fundamentação
objetiva. Quero expor algumas dessas dificuldades:
1.
Considere, ao invés
de concepções filosóficas discutíveis, enunciados de nossa vida cotidiana como
“A vassoura está no canto” ou de ciências duras como “v = d/t”. Parece claro
que elas são verdadeiras por causa da maneira como o mundo é (correspondência)
e não por sua relação com o poder, mesmo que possa ser bastante útil saber onde
a vassoura se encontra ou saber que a velocidade de um corpo é (ao menos em
nossa prática usual) medida pela distância por ele percorrida em um dado intervalo
de tempo. Quando pensamos sobre isso parece claro que a utilidade é um efeito frequente do conhecimento de
coisas verdadeiras. Mas se a utilidade é um efeito do conhecimento da verdade
então ela não é nem o conhecimento da verdade nem a verdade em si mesma: tomar o
efeito da verdade pela natureza da verdade é explicar a natureza da causa pela
natureza de seu efeito, ou seja, é incorrer em uma falácia causal. Esse
equívoco parece-me estar na base das teorias pragmáticas da verdade, a de
Nietzsche inclusive.
2.
Mesmo nas ciências
duras, o que buscamos não é a verdade absoluta, mas o que acreditamos ser a
verdade última, a qual funciona apenas como ideal
normativo; o mesmo vale para o
conhecimento. Daí que julgamos ter a verdade, julgamos ter o conhecimento, mas
nunca sabemos ter a verdade e o conhecimento. Além disso, embora alguns tenham
dúvidas, mesmo na ciência a verdade costuma ser aproximativa, corresponder mais
ou menos aos fatos. Considere a teoria gravitacional de Newton. Ela conduz a
resultados muito precisos, mas menos precisos do que os da teoria geral da
relatividade de Einstein. Mesmo assim a teoria newtoniana é suficientemente
precisa para nos permitir colocar satélites artificiais em órbita. Ela tem uma
base mensurável, diversamente de uma mera ideologia pseudo-explicativa, como a
teoria dos lugares naturais dos corpos em Aristóteles (os corpos pesados tem
seu lugar natural sobre a terra, os corpos leves no espaço). Muitas vezes não
nos damos conta de que o sentido da palavra ‘verdade’ por nós usado é geralmente
aproximativo. Considere a frase “Ontem dei uma festa no meu AP”. O que é uma
festa? Quantas pessoas ela exige? Bebidas, música, cantoria? Pode ser uma
meia-verdade que dei uma festa, pois foi de fato uma festinha e de modo algum
uma festança; umas dez pessoas reunidas de modo imprevisto. Receio que a lógica
multivaluada, que nos permite falar de graus de verdade seja mais condizente
com o comportamento linguístico efetivo do que a lógica bivalente clássica. Mas
a constatação da vaguidade da noção de verdade não nos deve confundir no sentido
de nos fazer embarcar em uma concepção relativista da verdade.
3.
Podemos concordar com
Nietzsche sobre o fato de que a vontade de ampliar o poder sobre as coisas e
pessoas seja o impulso último que conduz o ser humano a buscar a verdade. Essa
seria uma explicação evolucionária. Os indivíduos e a própria espécie buscam
conservar-se em primeiro lugar. E a busca da verdade com base na curiosidade
deve ser um resultante dessa necessidade de conservação da espécie. Mas isso
não significa que a necessidade de conservação da espécie não tenha feito
emergir uma disposição própria de curiosidade, de conhecer pelo próprio
conhecer, em alguns mais que em outros. Mais ainda, uma vez que necessidades
básicas estejam satisfeitas e garantam a sobrevivência do indivíduo, não há
razão para que este não alimente o desejo de satisfazer a curiosidade de saber
a verdade sobre as coisas, de conhecer por conhecer. Que a vontade de saber possa
ser geneticamente derivada de uma vontade para poder não significa que ela não possa
ter seu lugar próprio.
4. Se considerarmos a noção de verdade no sentido mais típico
(não-ideológico ou moral), uma característica fundamental daquilo que é
verdadeiro parece ser a de que não deixará de ser verdadeiro para ser falso
enquanto estiver sendo a mesma coisa. Com respeito a isso o valor-verdade
parece ter a propriedade de permanência. Se acreditamos que algo é verdadeiro e
depois descobrimos que é falso, não diremos que o que mudou foi o valor-verdade
desse algo, mas o que sabemos sobre ele; mais precisamente, diremos que lhe
atribuíamos verdade falsamente. Por exemplo: a teoria do flogisto foi
considerada por algum tempo verdadeira, mais tarde se descobriu que era falsa.
Mas isso não nos leva a concluir que ela era verdadeira e agora se tornou falsa
e sim que ela sempre foi falsa, apenas que nós erroneamente a tomávamos como
verdadeira. Considere, por exemplo, a teoria do flogisto, a substância que faz
as coisas pegarem fogo. Ela foi considerada por algum tempo verdadeira, mais
tarde foi descoberta falsa. Isso não significa que ela era verdadeira e depois
se tornou falsa, mas que ela sempre foi falsa, apenas que foi erroneamente
tomada por verdadeira.
Contudo, se Nietzsche estivesse certo e a
verdade fosse sempre a utilidade e o seu critério o aumento do poder, o truísmo
recém-mencionado deixaria de ser válido. Por exemplo: a doutrina nazista foi
útil ao partido de Hitler e aumentou o seu poder de 1933 até 1945. Mas depois
de 1945 essa mesma doutrina se tornou uma dor no pescoço dos nazistas, perdendo
toda a sua utilidade e retirando-lhes qualquer poder. Logo, tornou-se falsa.
Era verdadeira, ficou sendo falsa, segundo o critério da verdade nietzschiano.
Mas para a maioria de nós ela sempre foi falsa, mesmo que alguns tenham
acreditado em sua verdade, o que ficou cada vez mais óbvio com o conhecimento mais
amplo e científico que hoje dispomos da natureza humana.
5.
Isso tudo nos leva a
perguntar se a concepção da verdade proposta por Nietzsche não confunde duas
oposições conceptuais relacionadas, mas essencialmente diferentes: a oposição verdadeiro/falso e a oposição sincero/mentiroso. Podemos dizer que
Sócrates era verdadeiro no sentido de que ele era sincero, veraz; ele dizia o
que acreditava ser a verdade. E dizemos que Iago era mentiroso, uma vez que, mesmo
sabendo a verdade, induziu Otelo a acreditar no que era falso. A primeira
distinção é objetiva, dizendo respeito à verdade no sentido próprio da palavra,
enquanto a segunda entende a verdade em termos de veracidade do falante,
possuindo um sentido moral e dependente das intenções do sujeito. Como oposta à
mentira, a palavra ‘verdade’ aqui aponta para a integridade do falante. A
objeção seria a de que Nietzsche tende a confundir verdade com veracidade,
assimilando a primeira distinção à segunda. Ele passa a entender toda a verdade
como se esta fosse uma forma de veracidade inevitavelmente dependente de um sujeito
ou grupo de sujeitos.
6.
A admissão da
concepção nietzschiana, como a de qualquer teoria relativista da verdade, é perigosa, pois conduz ao descrédito
precipitado da possibilidade de concordância racional entre os membros de uma
sociedade. Imagine um grupo social que possua uma teoria muito ruim de como as
coisas devem ser (um exemplo é o fascismo de Mussolini, uma espécie de samba do
crioulo doido do direitismo político no qual até mesmo Marx era figurante).
Ora, se a verdade está no poder, o que importa é se esse grupo social seja
capaz de se impor sobre os outros, não importa por que meios. Se os critérios
são sempre perspectivistas, relativos, o que vale é o homo-mensura, ou melhor,
o fortitudo-mensura. A razão não valendo nada, recorre-se à força. Mesmo os
valores éticos só serão verdadeiros se forem aceitos pelo grupo. Assim, se um
grupo social se convencer que é superior aos outros e que fará um bem em
aniquilá-los, e se for bem sucedido nesse intento, ele estará com a verdade.
Trata-se aqui da lei do mais forte pura e simplesmente, um convite à selvageria
e à derrocada da civilização. Não é a toa que o pensamento de Nietzsche foi
adaptado de maneira a servir a estados totalitários (Hitler, Mussolini) que
unificavam a vontade coletiva com base na força, com efeitos no final das
contas apavorantes.
7.
Resta notar que a
teoria da verdade de Nietzsche torna-se adequada se fosse entendida como uma teoria
da verdade ideológica, melhor dizendo, uma teoria das pseudo-verdades
ideológicas. Esse seria o caso de muitas “verdades” da moral cristã criticadas
por ele. Afinal, elas são no fundo falsidades no sentido de mentiras ou
meias-mentiras (embora enquanto tais geralmente vezes inconscientes), podendo mesmo
possuir em seu cerne alguma verdade no sentido próprio da palavra. A fé, como
se diz, remove montanhas. Ela aumenta o poder dos que produziram sua ideologia
e em muitos casos também dos seus seguidores.
Se ao tentarmos saltar sobre um
precipício acreditamos que a mão de Deus está sobre nossos ombros, isso nos
ajudará a conseguir. É sobre esse elemento de crença irracional que a medicina
medieval, por exemplo, que quase nada tinha de eficaz, se baseava. Ela
consolava e motivava o paciente, o que muitas vezes tinha efeito benéfico sobre
sua saúde. Se a concepção da verdade de Nietzsche for reconstruída dessa
maneira ela contorna a objeção da falácia genética, pois não é a verdade que
causa a utilidade, uma vez que a pseudoverdade ideológica vale precisamente na
medida em que for útil.
8.
Finalmente, não
devemos nos esquecer que as supostas verdades da filosofia também possuem um
certo grau de ideologia. O que o filósofo pretende é revelar certa maneira
possível de se entender o mundo, a qual, diversamente das ideologias mais
banais, se pretende consistente com o melhor da ciência e do conhecimento de
sua época. Ela é pouco mais do que uma ideologia especulativa que satisfaz a
“norma culta” e que, em geral, não se encontra obviamente comprometida a servir
como um placebo para o sofrimento humano, mas que pode ter no final das contas
também esse papel, ainda que seja pouco agradável ao filósofo reconhecer isso.
Isso significa que o perspectivismo e o relativismo sobre a verdade proposto
por Nietzsche se aplica mais facilmente à filosofia, mesmo que os filósofos tenham
a pretensão de realizar uma discussão cordial e neutra de suas ideias. Aliás,
Nietzsche aplicou essa sua concepção livremente à sua filosofia, o que lhe dava
grande margem de liberdade especulativa. Nietzsche fez filosofia como uma
experimentação com ideias, uma experimentação sem garantias, e nisso ele estava
certo.
4. FILOSOFIA DA ARTE
Como notou Allain de Botton, Nietzsche percebeu que as ilusões
religiosas – como tantas outras formas de ilusão – eram consolações perigosas e
que seus resultados finais poderiam ser mais cruéis do que úteis; o placebo que
agora parece curar pode mais tarde agravar a doença. Isso valia para a época de Nietzsche e pode valer mais para a nossa,
onde a transitoriedade das situações é a regra, o que demanda flexibilidade em
nossos juízos.
Nietzsche concordaria com uma
estória oriental chamada ‘The Master of Fuck’, contada por Henry Miller.
Segundo essa estória, um oriental entra em um mosteiro com o objetivo de se
tornar um mestre do amor (master of fuck).
Mas ele não revela vocação alguma. Os anos se passam e ele não consegue dominar
a arte. Após cinco anos de fracasso ele é expulso do mosteiro por ser considerado
constitucionalmente inepto. Desolado ele põe-se então a vagar pelo mundo como
um mendigo, sentindo-se o mais miserável dos homens, até chegar aos arrabaldes
pobres de uma cidade. É aí que ele conhece uma prostituta que se apieda dele e
decide levá-lo para casa. Então, o que parecia impossível acontece: ele se transforma
no mestre do amor.
Miller observa que essa estória jocosa possui
uma moral profunda: se temos um problema, não adianta recorrer a paliativos; só
poderemos nos tornar capazes de resolvê-lo se formos até o fundo dele. A
psicanálise, diz Miller, costuma funcionar como um paliativo que nos impede de
irmos ao fundo de nossos problemas. O que o psicanalista faz é construir para o
paciente uma mitologia pessoal que lhe ajuda a viver. Nietzsche identificou no
cristianismo o maior dos paliativos para o sofrimento humano, pois ao mesmo
tempo em que oferece consolação nos impede de encontrar respostas mais
satisfatórias para eles.
Um exemplo que podemos discutir
é a proibição do suicídio. O Deus cristão nos deu a liberdade para vivermos
como quisermos, mas também nos proibiu de dispormos de nossa própria vida.
Provavelmente havia uma razão para isso na economia sociocultural do
cristianismo: crescei e multiplicai-vos parece uma boa propaganda para o
sucesso de uma religião. Mas essa atitude não é universal. Há tribos indígenas
na Amazônia nas quais as pessoas não chegam a ter mais de quarenta anos, pois
se suicidam antes, com o objetivo de se unir-se aos entes queridos já
falecidos. Junto a isso há na cultura cristã um medo irracional da morte. A
morte, como Wittgenstein notou, não é um fato da vida. Ela é um “fato
negativo”, algo que como tal não é vivido e que por isso mesmo não é capaz de
nos preocupar. O que realmente é preocupante é o sofrimento e decadência física
que geralmente antecede a morte, posto que essas coisas são realmente vividas e
percebidas. Mesmo assim ainda hoje pessoas de crença cristã, quando mortalmente
doentes, costumam se agarrar à vida até o último suspiro, mesmo a custa de um
sofrimento quase insuportável. O medo absurdo da morte como um fato que não
existe é uma parte da cultura cristã que tem sido causa de indescritível
sofrimento que é suportado em razão de um interdito cuja verdadeira razão
perdeu-se no passado.
Nietzsche foi um bom leitor de
Schopenhauer, filósofo que o influenciou profundamente. Este último sabia que o
prazer da vida vem quase que inevitavelmente associado ao sofrimento. Se desejarmos
diminuir o sofrimento, deveremos também diminuir a capacidade para o prazer.
Por exemplo: as pessoas que mais amamos são inevitavelmente mortais e um dia haverão
de nos deixar; para se escrever uma boa obra de ficção pode ser necessário um
esforço colossal e obstinado de muitos anos. Diante dessa constatação, Shopenhauer
buscou uma solução na sabedoria oriental: devemos procurar fazer desaparecer a vontade (o desejo, a motivação), posto
que ele a considera a causa de todos os nossos tormentos. Se eliminarmos a
vontade, deixaremos de sofrer. Essa é, contudo, uma solução contraditória, uma
vez que para eliminarmos a vontade precisaremos usar a própria vontade. Tudo o
que podemos fazer é, através de uma vontade mais genérica, eliminarmos desejos mais
específicos, alcançando assim uma atitude contemplativa que se conforme à
máxima de que quem já está no chão do chão não cairá.
Ao considerar essa questão, Nietzsche
chegou a uma conclusão oposta à de Shopenhauer. Não é a eliminação da vontade
aquilo que a vida clama, mas a afirmação da vontade. A vida se mede pela afirmação da vontade; daí que ela deve ser vivida
em toda a sua plenitude. Essa é talvez a tese mais central do pensamento de
Nietzsche. A questão é: como seria isso possível para nós?
A filosofia da arte de Nietzsche contém uma
resposta a essa questão. Para ele (como, aliás, para o próprio Shopenhauer) um
meio que auxilia a suportar a vida tal como ela é, é o da grande arte. Para
Nietzsche foi a arte que permitiu aos gregos antigos suportar a vida sem
paliativos, tal como ela é: inexplicável, perigosa, terrível, trágica. A arte é
capaz de transmutar o mundo da vida humana. Há para Nietzsche duas atitudes
opostas que regem essa transmutação estética da realidade: a apolínea e a dionisíaca.
A atitude apolínea torna a vida
vencedora por enaltecê-la através da criação de um mundo ideal de forma e
beleza. Ela realça o lado luminoso da existência humana, as formas puras, a
majestade dos traços, o mundo de sonho das deidades olímpicas. Apolo é o
patrono das artes figurativas. Exemplos de esculturas gregas preservadas, como
a Vênus de Milo ou a Vitória de Samocrácia, ou mesmo uma
escultura renascentista como a Pietá
de Michelangelo, exemplificam claramente esse ponto.
Consideremos agora a atitude
dionisíaca. Dionísio é o símbolo da torrente da vida em si mesma, informe,
tenebrosa, rompendo barreiras... Nos rituais dionisíacos e Báquicos o que se
comemora é a vida e homens e mulheres mergulham na corrente da unidade
primordial. Dionísio é o Deus da música. Pela atitude dionisíaca conseguimos a
afirmação triunfante da vida humana mesmo diante de toda a sua escuridão e
horror.
A música é essencialmente dionisíaca. A tragédia grega, que em sua forma
original era acompanhada de música, possui um misto do elemento dionisíaco e
apolíneo.
Minha opinião, porém, é a de que
a assimilação do elemento apolíneo às artes plásticas e do elemento dionisíaco
à música, embora exista, é meramente tendencial. Um livro como Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino
exemplifica para mim a atitude apolínea em literatura. E um livro como Ejaculações, ereções e exibicionismos,
de Charles Bukowsky, me parece profundamente dionisíaco. Por outro lado, embora
o primeiro movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven (“o destino bate à
porta”), do mesmo modo que a quase selvagem introdução do Magnificat Anima Mea de Bach, me pareçam fortemente dionisíacos, a
melancólica primeira parte do Concerto de
Brandenburg No 1 de Bach não me parece nem um pouco dionisíaca e o Canto do Pintassilgo de Vivaldi me
parece claramente apolíneo. Por outro lado, há muitas obras de arte pictóricas
de Bosh, Goya, Van Gogh e Dali que me evocam um sentimento tipicamente
dionisíaco. Parece que o meio das artes plásticas espaciais é mais apropriado
para expressar o elemento apolíneo mais estático, enquanto o meio da música e
das artes que se desenvolvem no tempo é mais apropriado para expressar o
elemento dionisíaco, mais dinâmico.
É instrutivo compararmos aqui a distinção
nietzscheana com uma muito conhecida distinção freudiana. Para Freud a arte é
produto do processo primário (primäre
Vorgang), o mesmo responsável pelos sonhos e pelos sintomas neuróticos.
Esse processo é aquele no qual as cargas afetivas não estão fixadas a
representações próprias, mas podem passar para outras representações capazes de
se tornarem conscientes. Ora existem dois mecanismos do processo primário: deslocamento (Verschiebung) e condensação (Verdichtung).
No deslocamento, que resulta da
repressão, a carga afetiva de uma representação reprimida R1 passa para uma
representação R2 (associada a R1) que se torna consciente, enquanto na
condensação as cargas R1... Rn são concentradas na representação R, que toma o
lugar delas na consciência.
A arte é tipicamente
metafórica, dependendo, desses dois mecanismos. Ora, parece que a arte apolínea
é essencialmente baseada no deslocamento, que para Freud contém um elemento de
repressão, enquanto que a arte dionisíaca se encontra baseada principalmente na
condensação, que segundo Freud não demanda a repressão afetiva.
Essa dicotomia pode ser
facilmente identificada na arte. O quadro de Da Vinci intitulado A virgem e o menino exemplifica para
Freud um deslocamento ao reapresentar de modo inconsciente e não-evidente um
sonho infantil de seu autor, no qual um corvo entra pela janela e espana a sua
cauda no rosto do menino. O caráter apolíneo do deslocamento se deveria ao fato
de ser um produto da repressão. No quadro A
vida de Picasso, outra vez o mais claro é o deslocamento, pois a sua
metáfora é a de que as alegrias da vida (a maternidade, o amor) são colocadas sempre
em primeiro plano, enquanto que o sofrimento (a morte, a doença) aparece apenas
delineado, como um pano de fundo que não precisa ser lembrado.
Exemplos de condensação
poderiam ser o caso de imagens fundidas, como as que podemos ver no quadro de Salvador
Dali intitulado España. A condensação
não é, Segundo Freud, produto da repressão, o que serve ao seu caráter
dionisíaco. Eis porque é mais fácil perceber a significação das diferentes
imagens fundidas em España do que em
perceber a significação de A vida ou
de A virgem e o menino (caso Freud e
seu discípulo Pfizer, que primeiro fez essa interpretação, estejam certos).
Voltando a Nietzsche, resta
notar que o ponto supremo da cultura grega foi para ele atingido através da
fusão do dionisíaco com o apolíneo. Essa fusão foi representada pela tragédia
grega, corporificada nas obras de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Isso aconteceu
pouco antes que a decadência se abatesse sobre a cultura ateniense, uma
decadência maximamente exemplificada pela figura de Sócrates, um filósofo que era
visto por Nietzsche como negador da vida.
Nietzsche justifica a vida
romanticamente através do fenômeno estético. Essa tese, mesmo que questionável,
tem como consequência que a figura do gênio se torna para ele fundamental, pois
a grande obra de arte é a obra do gênio artístico. Só o gênio é capaz de nos
reconciliar com nós mesmos. A humanidade precisa do gênio, que é o único ser
humano capaz de redimir a vida. A consequência desse pensamento é brutalmente
elitista: todo o trabalho da humanidade deve servir como patamar para que o
gênio floresça, quer nas artes, quer na filosofia.
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