GOTTLOB FREGE:
CARTA À HUSSERL, 24.5.1891
(...) Tudo o que eu gostaria de dizer agora é
que parece haver uma diferença de opinião entre nós sobre como uma
palavra-conceitual (nome comum) é relacionada a objetos. O seguinte esquema
deve tornar minha concepção clara:
Proposição nome
próprio palavra conceitual
↓ ↓ ↓
Sentido
sentido
sentido de uma
de uma de um nome palavra
Proposição próprio conceitual
(pensamento)
↓ ↓ ↓
BEDEUTUNG BEDEUTUNG BEDEUTUNG → Objeto que cai
Da proposição
do nome próprio da palavra conceitual sob o conceito
(valor-verdade) (objeto) (conceito)
Com a palavra conceitual é preciso mais um degrau
para se chegar ao objeto do que com o nome próprio e esse último degrau pode estar
faltando – ou seja, o conceito (Begriff) pode ser vazio – sem a palavra conceitual cessar
de ser cientificamente útil. Eu desenhei o passo do conceito ao objeto
horizontalmente para indicar que estão no mesmo nível, que objetos e conceitos
tem a mesma objetividade. No uso literário é suficiente que tudo tenha sentido;
no uso científico é preciso ter Bedeutung.
(...)
Agora parece a mim que para você o esquema seria assim:
Palavra conceitual
↓
Sentido da palavra conceitual
↓
Objeto caindo sob o conceito
Assim para você o número de degraus do nome
próprio para o objeto seria o mesmo que o das palavras conceituais. A única diferença
entre nomes próprios e palavras conceituais seria então que as primeiras poderiam se referir somente a um objeto e as segundas a mais de um. Uma palavra conceitual
cujo conceito fosse vazio teria então de ser excluída da ciência assim como um
nome próprio sem um objeto correspondente.
(Obs: Para Frege se o nome não tiver referência
ele não servirá à ciência. Mas o predicado pode não ter referência e mesmo assim servir à
ciência; logo, o predicado precisa ter como referência algo mesmo quando é
vazio, ou seja, um “conceito”. Qual a razão de ser assim?)
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