Draft F (2015): ESSE LIVRO NUNCA SERÁ PUBLICADO, UMA VEZ QUE FOI DIVIDIDO EM DOIS: "PHILOSOPHICAL SEMANTICS: REINTEGRATING THEORETICAL PHILOSOPHY", PUBLICADO EM 2018, E "COMO TERMOS REFERENCIAIS REFEREM?", QUE ESTÁ SENDO REVISADO.
COGNITIVISMO SEMÂNTICO
Simplex sigillum verum.
Draft
INTRODUÇÃO
Não estaria a filosofia da linguagem
da primeira metade do século XX, com o seu desgastado princípio da
verificabilidade, com as suas toscas teorias descritivistas e internalistas dos
nomes próprios e expressões conceituais, com a sua ingênua divisão monolítica
entre o necessário a priori (expresso
em proposições analíticas) e o contingente a
posteriori (expresso em proposições sintéticas), mais próxima da verdade do
que a hoje imperante ortodoxia causal-externalista?
Esse livro foi escrito sob a convicção de que essa pergunta deve ser
respondida em afirmativo. Não desejo com isso negar a importância filosófica da
nova ortodoxia causal-externalista, mesmo porque os desenvolvimentos aqui sugeridos
não seriam possíveis sem ela. Quero sugerir apenas que essa importância deva
ser predominantemente negativa. Ela consiste em boa parte na proposta de
desafios dialeticamente úteis, que se adequadamente respondidos servirão para
enriquecer a velha ortodoxia cognitivista-internalista com elaborações mais convincentes.
O propósito do presente livro é o de oferecer uma contribuição
preliminar na direção indicada. Nele é esboçada uma defesa sistemática de uma
concepção puramente internalista, cognitivista e neodescritivista do
significado e dos mecanismos de referência. A assunção que torna essa defesa recomendável
é a de que o significado, o conteúdo semântico da linguagem representacional, não
parece poder constituir-se de outra coisa senão de regras, de convenções ou
combinações de convenções semântico-cognitivas (mesmo que seu domínio seja geralmente
irreflexivo ou tácito), em geral exprimíveis através de descrições, uma ideia
venerável desde que Platão primeiro a sugeriu em seu diálogo Crátilo. Meu objetivo nos capítulos que
se seguem consiste em explicitar essas regras em algumas expressões
referenciais mais importantes, que são os nomes próprios, os termos gerais e as
sentenças assertivas. Antes disso, porém, procedi a uma releitura crítica da
semântica fregeana na qual os sentidos
foram interpretados como regras semânticas que só existem enquanto
cognitivamente instanciadas. Embora não passe de um esboço, essa releitura serve
para expor a moldura conceitual mais ampla no interior da qual meus próprios
questionamentos posteriores se orientam.
Quanto à minha abordagem das questões, ela também é algo diversa daquela
usada nas teorias causal-externalistas, cuja inspiração primeira é logicista. Ela
é primariamente inspirada pela dimensão sócio-pragmática da linguagem (a
diferença relembra a antiga distinção feita entre filosofia da linguagem ideal
e filosofia da linguagem ordinária respectivamente). Parto, pois, geralmente, da
inserção da linguagem na forma de vida, e assim do senso comum e da linguagem
ordinária, buscando frequentemente apoio no exame dos exemplos concretos de
aplicação das expressões – um método que Avrum Stroll chamou de “filosofar por
exemplos”, cuja inspiração é wittgensteiniana. Além disso, a abordagem é
sistemática. Daí que embora os capítulos possam ser separadamente lidos, eles
são interconectados de tal modo que a plausibilidade de cada um deles se deixa
melhor sustentar pelo seu conjunto.
Parte
do material aqui apresentado é uma elaboração de artigos originariamente
publicados nas revistas Dissertatio e
Princípios. Gostaria de agradecer aos
editores dessas revistas pela permissão de republicação. Agradeço também ao
apoio do CNPq através de bolsas de pesquisa individuais sobre teorias da
referência no período de 2009 a 2014. Finalmente, gostaria de agradecer calorosamente
ao professor (a concluir...). Naturalmente, a
responsabilidade pelas ideias aqui expressas é toda minha.
SUMÁRIO
Introdução
- Sentidos
fregeanos como regras
- Reabilitando
o verificacionismo
- Identidades
kripkianas
- Como
nomes próprios realmente referem
- Neodescritivismo
sobre o conceito de água
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