Quem sou eu

Minha foto
If you wish to be acquainted with my groundbreaking work in philosophy, take a look at this blogg. It is the biggest, the broadest, the deepest. It is so deep that I guess that the narrowed focus of your mind eyes will prevent you to see its full deepness.

sábado, 29 de janeiro de 2022

A ilusão do Eu transcendental

  

 

 

21

 

O PARADOXO DO EU ELUSIVO

 

                                               Conheço tudo o que se concebeu.

                                               Só uma coisa não conheço,

                                               e essa coisa sou eu.

                                                François Villon

 

 

O que chamarei de ‘eu elusivo’ (elusive I)[1], ou simplesmente de ‘Eu’ com inicial maiúscula, é caracterizado pela sua inacessibilidade à experiência interna ou externa. Se o conhecimento depende sempre da experiência sensível, então esse Eu é incognoscível. Mas se esse Eu é incognoscível, como é possível que alguma espécie de existência lhe possa ser afirmada? Tal é o que pode ser chamado de o paradoxo do eu elusivo.

     Há, certamente, várias maneiras de se contornar a dificuldade. Uma delas é sugerir, como Kant, a existência de uma faculdade de apercepção, através da qual o Eu se pensa a si mesmo, ainda que seja incapaz de se intuir através de um sentido interno.[2] Não é claro, contudo, como possa se aplicar essa faculdade de apercepção, o que torna essa solução suspeita. A alternativa para a qual pretendo chamar atenção aqui consiste em desenvolver uma concepção do eu fenomenal ou empírico capaz de tornar desnecessária a suposição da existência de um eu elusivo entendido como um sujeito inacessível à experiência. Antes de considerar essa alternativa, porém, quero examinar criticamente duas razões pelas quais parece fazer-se necessária a admissão de um eu elusivo.

 

Origem da idéia de um eu elusivo na noção de substância

Uma primeira razão para a suposição da incognoscibilidade do Eu é a seguinte. Sempre que temos ou parecemos ter acesso introspectivo a nós mesmos, o que nos é apresentado é apenas um feixe de conteúdos mentais que se sucedem constantemente uns aos outros. Mas esses conteúdos mentais requerem algo que os produza e suporte; eles demandam a existência de um sujeito que seja o seu portador. Como notou Frege:

 

Se não há nenhum portador das representações, então não há também nenhuma representação; pois representações necessitam de um portador, sem o qual elas não podem existir. Onde não há soberano, não há súditos...[3]

 

A questão que se levanta é: por que precisamos supor a existência de um portador desconhecido? Não seria possível identificar o eu com base no próprio feixe de estados mentais, ou seja, em termos de disposições para, dadas certas circunstâncias, manifestar certos estados mentais? Traços de caráter, por exemplo, são disposições para se ter certos estados mentais na vigência de circunstâncias apropriadas para o seu aparecimento. Se for assim a imagem não será a de um soberano e de seus súditos, como pensou Frege, mas sim a empregada por Owen Flanagan, de um bando de pássaros que voam em formação, sem um lider permanente.[4] Por certo tempo um ou alguns pássaros tomam a liderança, depois outros pássaros tomam o seu lugar, enquanto os primeiros ficam atrás e alguns até mesmo se distanciam da formação. Nem por isso o bando deixa de constituir uma unidade.

     Buscar uma resposta a essa questão conduz-nos à raíz histórica da tese de que o Eu é um portador inacessível do que é experienciado. O historiador da filosofia responderá a tal questão apontando para o fato de que no presente caso a exigência de um portador nasce de um paralelo feito entre o Eu, como objeto último do conhecimento subjetivo, e a substância, como objeto último do conhecimento objetivo. Um filósofo como Locke, por exemplo, justificou a atribuição de propriedades a um objeto físico através da suposição da existência de um “suporte” incognoscível dessas propriedades; um substrato por ele chamado de substância material.[5] Paralelamente a isso, a hipótese de um eu elusivo emerge da noção cartesiana de substância pensante, mais tarde reinterpretada em termos de Eu transcendental, de Eu puro, de Egoidade.

 

Objetos e sujeitos como feixes de propriedades instanciadas (tropos)

Assim como o objeto material não precisa ser assimilado à sua substância material incognoscível, o sujeito, o eu, não precisa ser assimilado a um elusivo substrato seu. O argumento a favor dessa idéia pode ser dividido em duas partes.

     Consideremos a primeira parte. Para alguns, e certamente para nosso bom senso comum, o conceito de substância material incognoscível tem parecido vazio e sem base intuitiva. Se tenho nas mãos uma barra de chocolate, o próprio objeto parece constituir-se daquilo que posso tocar, pressionar, ver, saborear etc. que tem certas propriedades físicas como massa (resistância à aceleração) e não de um suporte em princípio inexperienciável.[6] É por isso razoável a sugestão de que as propriedades de um objeto físico sejam tudo o que o de algum modo o constitui e que ele esteja para elas como a alcachofra para as suas folhas: se retiramos as folhas, nada mais resta. Essa foi a sugestão de Bertrand Russell, ao propor que objetos no mundo físico consistem na verdade de coleções de sense-data que ocorrem separadamente e seriadamente.[7] A mesma idéia pode ser formulada no interior de diferentes concepções do acesso à realidade empírica. Assim, o uso do conceito de sense-data nos tenta a entender os dados experienciados, em uma teoria fenomenalista da percepção, como sendo subjetivos, o que facilmente nos compromete com o idealismo. Por isso pode ser mais indicado reformular essa “teoria da alcachofra” dentro dos limites de uma concepção realista do conhecimento perceptual, caso no qual, parafraseando Russell, podemos dizer que na sequência de suas fases temporais um objeto físico f pode ser descrito nos seguintes termos:

 

f = Uma série S de conjuntos de propriedades instanciáveis (de tropos) P1, P2... Pn, experienciáveis sob circunstâncias determinadas na série ordenada de intervalos de tempo e regiões espaciais correspondentes < t1e1, t2e2... tnen>

 

As propriedades instanciáveis (ou tropos) são aqui elementos constitutivos de f. A exigência de uma série S de conjuntos de propriedades instanciáveis é necessária, uma vez que um mesmo objeto físico pode, em tempos diferentes, apresentar-se através de diferentes conjuntos de propriedades. A concepção é plausível, mesmo que carente de maior desenvolvimento.

     Passemos agora à segunda parte do argumento. Ela consiste em importar uma estratégia de solução similar para o problema da natureza do sujeito: se as razões para a suposição da existência da substância material como substrato elusivo não são decisivas, também não o são as razões para a suposição da existência do eu elusivo. A teoria da alcachofra seria então aplicada ao assim chamado eu fenomenal ou empírico. Também Russell chegou a sugerir que o “ego” pudesse ser analisado como uma série de eventos, os quais incluem as aparências que lhe são consideradas constitutivas.[8] Nesse caso, o eu empírico poderá ser basicamente concebido como um sistema de propriedades (tropos) mentais disposicionais, atualizáveis sob condições adequadas. Tais propriedades serão subjetivamente experienciáveis quando atualizadas como estados ou eventos mentais.

     Antes de desenvolvermos esse ponto é de vantagem distinguir três sujeitos empíricos que sucessivamente se incluem. O primeiro é o que costuma ser chamado de pessoa, ou seja, um duo de propriedades físicas (intersubjetivamente observáveis) e mentais (introspectivamente observáveis). Se abstraírmos as propriedades físicas e considerarmos apenas as mentais, chegamos a um eu psicológico. Este é o eu chamado de fenomenal ou empírico. Ele é a variedade dos traços psicológicos que reconhecemos como característicos de certa pessoa. Mas isso não é tudo. Há o que poderia ser chamado de o eu pensante (na verdade o eu cartesiano), o qual é a consciência indeterminada que alguém tem de estar tendo experiências, de estar consciente. Essa consciência pode bem ser a de uma parcela do eu psicológico. Para mostrar a plausibilidade dessa sugestão, podemos imaginar uma experiência em pensamento que isole o eu pensante. Imagine que alguém desperte na escuridão tendo a aterradora experiência de não saber mais onde se encontra, nem quem é, nem como é, nem mesmo como se chama. Mesmo assim, parece que essa pessoa ainda pensa em uma linguagem, reconhece um mundo objetivo e se reconhece, por oposição, como sendo alguém, alguém que ela não sabe quem é. Diríamos que em tal caso a pessoa possui a consciência atual e indeterminada de ser um “sujeito”, de possuir um eu que permanece e se opõe às sequências de entidades objetivas que ela identifica e reidentifica na experiência. Uma primeira maneira de esclarecer este eu pensante é considerá-lo, como fez Kant, a unidade sintética da autoconsciência, a qual pode ser interpretada como um eu elusivo. Mas essa explicação não é impositiva, nem precisaria sê-lo para o próprio Kant, que o via como a condição formal da unidade da experiência. Não é necessário que o eu do caso de amnésia seja “transcendental”. Pois o eu atual também pode ser esclarecido como um modo imediato e indeterminado de auto-experienciação do próprio eu fenomenal. Pois digamos que a pessoa de nosso exemplo aos poucos se lembre de onde está, de quem ela é, de como se chama. Ela não parece através disso ganhar acesso a um outro eu que não o seu eu atual. Ela se verá como determinando o que estava indeterminado, como incluindo pouco a pouco a sua consciência de quem ela é na sua consciência de que ela é. Se o eu pensante for apenas uma forma não-analisada do eu psicológico, que é a parte da pessoa cujo acesso não é público, o que resta para ser analisado é apenas o eu psicológico, fenomenal, empírico.

 

Uma razão lógica para a admissão de um eu elusivo

Consideramos já uma primeira razão para a suposição da existência do eu elusivo, que é a necessidade de um portador das representações. Em seguida vimos que a idéia de portador, em um paralelo com a de substância material, é epistemologicamente suspeita. Isso nos sugere que nossos próprios estados ou conteúdos mentais, possam ser entendidos em termos de sistemas de características constitutivas de um eu psicológico que não requer nenhum sujeito verdadeiramente incognoscível. Há, não obstante, uma segunda razão importante para a suposição da existência de um eu elusivo, que é de natureza lógica e que precisa ser considerada.

   Quando o Eu – quer como eu atual ou como eu psicológico – na qualidade de sujeito, se experiencia a si mesmo, o que ele experiencia é um objeto, não podendo ser o caso, portanto, que o objeto seja ele mesmo! Também esse argumento foi claramente apresentado por Frege. Eis o que ele escreveu:

 

Com a representação da palavra ‘Eu’ posso, em minha consciência, associar certa representação. Mas então ela é uma representação junto a outras representações e eu sou o seu portador, como sou o portador das outras representações. Tenho então uma representação de mim, mas eu não sou essa representação.[9]

 

Como sujeito último da experiência, o eu elusivo permanece sempre fora da experiência, da mesma forma que o olho que vê permanece sempre fora do seu campo visual, para usar a metáfora wittgensteiniana[10]. Chamando o sujeito de S e o objeto de O, a relação pode ser expressa como S < O. Daí se segue que S não pode experienciar-se a si mesmo como tal. Mesmo que o eu pudesse duplicar-se segundo a fórmula S < So, o sujeito observado, So, não seria mais o mesmo que o sujeito S, que observa. Com efeito, parece fazer parte de nossa gramática do conceito de experiência que aquilo que é experienciado deva ser inevitavelmente diverso daquilo que tem a experiência, do sujeito da experiência: a experiência não se autoproduz. (Uma objeção à fórmula fichteana “Eu = Eu”, na qual o Eu se põe (setzt sich) a si mesmo, seria a de que ela estaria contradizendo esse pressuposto.)

 

Como o eu empírico pode se auto-objetivar

Eis como podemos responder à objeção recém exposta. É verdade que não podemos supor que o eu possa se auto-experienciar como um todo: para tal ele teria de duplicar-se, deixando, em sua cópia, de ser ele mesmo, ou encontrar um meio de “saltar sobre si mesmo”, duplicando-se sem deixar de ser ele próprio, o que é impossível. Contudo, parece perfeitamente possível concebermos o eu empírico suposto pela teoria da alcachofra como uma totalidade de propriedades capaz de representar partes de si mesma como objeto. Podemos conceber o eu empírico ou fenomenal como um agregado de propriedades mentais que é capaz de dobrar-se sobre si mesmo, reconhecendo em cada momento em que se tem por objeto alguma parte de si, ainda que nunca lhe seja possível em algum momento reconhecer a si mesmo em sua totalidade. Essa possibilidade parece vedada, é certo, ao eu elusivo, não só porque ele escapa à cognição, mas até mesmo pelo fato de que o seu conceito se encontra historicamente associado ao conceito metafísico de alma, que era concebida como simples e idêntica: se o Eu é simples e idêntico então ele não pode experienciar partes de si mesmo. Contudo, o resultado é muito diferente se, usando a fórmula S > So, o sujeito experienciado So se deixa interpretar como parte de S. Nesse caso não precisamos mais supor que esse sujeito seja um eu elusivo, o que torna a hipótese da existência de um eu elusivo supérflua.

    Para esclarecer essa sugestão, consideremos uma analogia. Imaginemos um corpo humano como o “sujeito” do sentido táctil. Esse corpo pode experienciar tactilmente não só outros objetos físicos, mas também a si mesmo. Ele só não pode experienciar-se em algum momento em seu todo. Mas ele poderá sempre experienciar tactilmente ao menos partes de si mesmo. Uma mão pode experienciar a face, o pé, o ombro. E o ombro pode experienciar a mão e assim por diante. Geralmente entendemos que a parte do corpo que tem a experiência é a que movemos sobre a parte experienciada, atentando para as sensações que então temos. Assim, sucessivamente, o corpo inteiro pode ser por partes tatilmente experienciado. É dessa maneira que um cego, por exemplo, ganha uma idéia de seu próprio corpo. Ora, se o corpo pode se auto-experienciar através dele mesmo sem se tornar outra coisa além dele mesmo, por que não o eu? Por que não admitir que o eu seja capaz de inspecionar partes de si mesmo através das partes que não está inspecionando?

     Em outras palavras: o eu empírico pode ser concebido como um sistema de propriedades autopsíquicas recorrentes, passíveis de serem agrupadas em uma classe, digamos {P1, P2, P3... Pn}. Se supusermos que ele é capaz de se ter parcialmente como objeto de representação, então esse eu empírico constituído por {P1, P2, P3... Pn} pode dobrar-se sobre si mesmo de modo a, digamos, como {P1... P3... Pn}, objectivar a sua propriedade P2, o mesmo podendo ser feito, em outras ocasiões, com P1, com P3 etc. O resultado é que, pela adição de experiências de autoconsciência parcial, o eu empírico torna-se capaz de construir gradualmente um quadro mnêmico mais e mais satisfatório daquilo que essencialmente o constitui, um quadro certamente sujeito a modificações ou acréscimos, tanto quanto ele próprio.

     A sugestão que acabo de expor é favorecida pela nossa experiência cotidiana. É um fato que é mais difícil nos conhecermos a nós mesmos do que conhecermos os objetos que nos cercam. Há pessoas não-reflexivas que conhecem muito pouco de sua própria psicologia, ainda que saibam muito bem fazer as distinções de ordem psicológica necessárias à vida cotidiana. Há também pessoas mais ou menos reflexivas que têm percepções distorcidas de si mesmas. É improvável que qualquer ser humano possa se conhecer muito profundamente, em todos os seus segredos inconscientes, como qualquer psicoterapeuta se apressaria em confirmar. E é claramente impossível que alguém possa se experienciar imediatamente na totalidade daquilo que é ou que supõe ser. A autoconsciência é sempre parcial e temporalmente localizada e tudo o que a introspecção nos pode fornecer são fragmentos (glimpses of knowledge) de nós mesmos. Tudo o que podemos é, por meio do acúmulo de auto-observações em circunstâncias variadas, pouco a pouco ir formando uma espécie de registro mnêmico cumulativo, mais ou menos aproximado, das principais e mais duradouras características constitutivas de nossos eus empíricos.

     Se essas considerações são corretas, então o eu é capaz de se experienciar a si mesmo sem deixar de ser ele próprio, de modo que a hipótese de um eu elusivo adicional deve resultar de uma confusão obsoleta, originariamente procedente de um entendimento inadequado da natureza do sujeito como entidade simples e indivisível, atuando secretamente como um acompanhante singular e inefável do contínuo fluxo de eventos fenomenais.

     Essas sugestões são vagas e incertas. Mas isso não é uma limitação tão séria, uma vez que em filosofia o pressuposto incerto – não universalmente aceito – é inevitável. O que mais importa, se algo aqui tem importância, são os caminhos argumentativos. Importa reconhecer que se com os pressupostos aqui mantidos pode ser mostrada uma forma quase trivial de dissolução do paradoxo do eu elusivo, isso parece falar algo a favor deles – o que não deixa de ser significativo se considerarmos que em filosofia o braço da balança com a qual pesamos as nossas crenças só poderá vir a mover-se, para um lado ou para outro, como efeito de uma sucessiva adição de pequenas evidências.

 

 

 

 

 



[1] Traduzo como ‘elusivo’ a palavra inglesa ‘elusive’, que significa algo que ilude, engana, foge ao acesso.

[2] Immanuel Kant: Kritik der reinen Vernunft (Crítica da Razão Pura) B-153. Edmund Husserl é outro filósofo que defendeu a existência de um Eu elusivo. Ver seu livro Ideen zu einer reinen Phänomenologie und Phänomenologischen Philosophie (De Gruyer 2002).

[3] Gottlob Frege: “Der Gedanke” (“O pensamento”), pp. 71-72 (paginação original); tradução portuguesa publicada como suplemento em C.F. Costa: Estudos Filosóficos (Tempo Brasileiro-Edufrn: Rio de Janeiro 1999).

[4] Owen Flanagan: Consciousness Reconsidered (MIT-Press: Cambridge Mass. 1992), pp. 191-2.

[5] John Locke: Na Essay concerning Human Understanding. Book II, Ch. XXIII, 1-2.

[6] Em oposição a isso Roderick Chisholm, entre outros, argumentou que a idéia de um objeto, digamos, de uma pêra, é a idéia de algo que é doce, que é arredondado, que é macio... ou, mais formalmente, a idéia de um x, tal que "x é F", "x é G", "x é H"... Ver R. Chisholm: “On the Observability of the Self”, in Quassim Cassam (ed.), Self Knowledge (Oxford University Press: Oxford 1994), pp. 95-96.

[7] Bertrand Russell: Philosophy of logical Atomism, in Logic and Knowledge (Routledge: London 1989), pp. 190-1.

[8] Bertrand Russell: "On Propositions", in Logic and Knowledge, pp. 305-6.

[9] Frege: Ibid, pp. 72-73 (meu itálico, paginação original).

[10] Ludwig Wittgenstein: Tractatus Logico-Philosophicus (Suhrkamp: Frankfurt 1984) 5.631- 5.641

Nenhum comentário:

Postar um comentário