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sexta-feira, 14 de junho de 2024

INTRODUÇÃO AO IMATERIALISMO DE BERKELEY (draft)

  Draft para o livro "Introdução histórica à filosofia".

 

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BERKELEY: IMATERIALISMO

 

George Berkeley (1685-1753) foi um bispo anglicano nascido na Irlanda que defendeu um idealismo imaterialista segundo o qual tudo o que existe são ideias, almas e Deus. Seus conhecidos em Londres acharam seu texto tão constrangedoramente absurdo que preferiam não o mencionar diante do autor. Só bem mais tarde é que veio a ser percebida a coerência e profundidade filosófica de seus argumentos.

   Os dois livros pelos quais Berkeley se tornou conhecido foram escritos antes de ele ter feito 28 anos: o Tratado concernente aos princípios do conhecimento humano seguido de uma bela peça literária chamada Os três diálogos entre Hylas e Philonous. Berkeley leu com admiração o Ensaio de Locke, mas concluiu que sua forma de empirismo só poderia conduzir ao ceticismo e ao ateísmo. Afinal, Deus tinha um papel meramente decorativo na obra de Locke.

   Depois desses escritos Berkeley desinteressou-se da filosofia concentrando-se em sua atividade pastoral. Casou-se, teve sete filhos dos quais apenas três sobreviveram. Morreu aos 78 anos enquanto sua esposa estava lendo a bíblia para ele.

 

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A obra filosófica de Berkeley toma como ponto de partida uma crítica a alguns pontos problemáticos da teoria das ideias de Locke, desenvolvendo-se como uma forma original de idealismo imaterialista. Ele queria defender a religião através da filosofia.

   Há duas objeções distintas de Berkeley à Locke. A primeira delas diz respeito às ideias gerais e abstratas.[1] Para Berkeley existem ideias gerais no sentido de poderem se aplicar a um número indefinido de coisas, mas não existem ideias gerais e abstratas da maneira como pensava Locke. Não é possível, por exemplo, imaginar a ideia do movimento em geral sem ser a de algo que se movimenta. Ele cita textualmente uma tentativa de Locke de demonstrar possível a ideia geral e abstrata de um triângulo:

 

…não requer muita dor nem habilidade formar a ideia [geral e abstrata] de um triângulo, pois ele nem deve ser oblíquo, nem retângulo, nem isósceles, nem equilátero, nem escaleno; mas tudo e nada disso de uma vez.

 

Para Berkeley, a construção desse triângulo só não requer dor nem habilidade na fantasia de Locke, pois ela é inimaginável e impossível. Essa, como outras ideias abstratas, pensadas de maneira imagética, não podem existir. Para Berkeley, a maneira como representamos a generalidade consiste em separar a ideia de um indivíduo – digamos, um triângulo equilátero, um movimento particular, um homem particular – e a tratarmos como modelo para a identificação de quaisquer indivíduos da classe dos triângulos ou dos objetos móveis ou dos homens. Como ele escreve: “A ideia particular se torna geral quando representa ou designa todas as demais ideias particulares da mesma espécie”.[2]

   Percebemos tal capacidade de generalização quando decidimos provar um teorema usando linhas em um quadro negro. Usamos um triângulo particular como modelo para a demonstração de que a soma dos ângulos internos de um triângulo é de 1800 e logo percebemos que esse resultado vale não só para o triângulo desenhado, mas para todo e qualquer triângulo da geometria euclidiana. Berkeley é um particularista acerca das ideias, melhor dizendo, um nominalista radical.

 

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A Segunda objeção de Berkeley à Locke é central e de considerável importância filosófica, pois teve repercussão na filosofia de Hume, em Kant e, através de Kant, no idealismo alemão. Ela diz respeito ao que hoje chamamos de o problema da percepção: como a mente pode ter acesso a um mundo externo que lhe é basicamente heterogêneo?

   Ele toma como ponto de partida a teoria de Locke, segundo a qual aquilo que diretamente percebemos são as ideias. Como Locke teria demonstrado, tudo o que percebemos são ideias, que só existem nas mentes dos sujeitos percipientes. As ideias, por sua vez, são capazes de representar qualidades primárias constitutivas de entidades materiais que existem na independência de quaisquer mentes. Isso faz de Locke um realista indireto, um representacionalista. A pergunta que Berkeley se fez é: que sentido há em se falar de um mundo material externo independente das ideias, uma vez que tudo o que percebemos pela visão, pelo tato, pela audição, pelo olfato, pelo paladar… não são mais do que ideias pertencentes a nossas mentes? Afinal, só podemos comparar duas coisas quando somos capazes de perceber ambas. Como só percebemos ideias, só podemos comparar ideias com ideias. Mas então, como podemos saltar fora de nossos cinco sentidos para perceber um mundo material tal como ele é, para além do domínio das ideias! Com que autoridade pode Locke afirmar que as ideais das qualidades primárias são semelhantes às próprias qualidades primárias? Trata-se de uma hipótese despropositada e mesmo inconcebível, posto que completamente inverificável pelos sentidos.

   Berkeley põe o argumento da ilusão para trabalhar a seu favor. Ele considera o caso de algumas ideias de qualidades secundárias como as de calor, frio e som. A ideia do calor não é diferente da ideia do calor forte, que arde e queima. Mas se o calor forte também é uma ideia, o mesmo acontece com qualquer grau de calor, assim como com as ideias do arder e do queimar. Considere o caso do frio: se eu colocar meu indicador da mão direita dentro de um copo de água com gelo e depois colocar os indicadores de ambas as mãos em um copo de água à temperatura ambiente, a água que cobre meu indicador direito parecerá quente se comparada com a água que cobre o indicador da mão esquerda. Isso, pensa Berkeley, apenas demonstra que as ideias não tem existência senão nas mentes. Considere agora o caso do som. Como no caso do calor, o som é uma ideia subjetiva. Sabemos, pela física, que o som é constituído de ondas de ar. Mas essas ondas de ar são medidas através de vibrações que são movimentos dos quais não possuímos mais do que ideias. Logo, o som, mesmo se considerado como onda, é uma ideia: uma ideia secundária exprimindo-se por meio de uma ideia primária de movimento.

   O mesmo relativismo pode ser obtido na consideração de ideias de qualidades primárias: um mesmo objeto pode parecer pequeno ou grande, de acordo com a distância a partir da qual o vemos. Mas coisas assim também acontecem em sonhos, indicando outra vez que os objetos imediatos de nossa percepção, as ideias, não podem ser mais do que criaturas da mente.

   Locke defendeu que as ideias de qualidades primárias são semelhantes às qualidades primárias dos objetos materiais, enquanto as ideias das qualidades secundárias são produtos de qualidades primárias imperceptíveis da matéria, não possuindo qualquer semelhança com as qualidades secundárias que as produziram. Berkeley observou que as qualidades primárias existem sempre em conjunção com qualidades secundárias. Um triângulo tem sempre uma cor, mesmo que seja branca ou cinzenta. É verdade que objetos coloridos deixam de sê-lo no escuro, como Locke observou. Mas as qualidades primárias também são sujeitas a mudanças circunstanciais: um bloco de gelo pode se liquefazer e mais tarde se transformar em vapor d’água, perdendo a qualidade primária da dureza e depois a da extensão. Ou seja, para Berkeley as ideias das qualidades secundárias estão de par em par com as ideias das qualidades primárias. Logo, não há razão para privilegiarmos as ideias das qualidades primárias como sendo semelhantes a supostas qualidades primárias externas ao percipiente.

   A grande conclusão de Berkeley é que ser é ser percebido (esse est percipi). Não é possível encontrar nenhuma evidência de que exista um mundo material inerte, independente do mundo das ideias. A sugestão de Locke de que existe uma substância material incognoscível, um suporte subjacente a um feixe de qualidades externas apenas complica inutilmente as coisas: trata-se de uma outra hipótese despropositada e ininteligível, visto que inverificável pelos sentidos. Se quiséssemos torná-la inteligível teríamos de tratar a substância como sendo extensa, tornando-a uma ideia de extensão.

   Há várias objeções mais ou menos óbvias a essa primeira carga argumentativa. A primeira é que as coisas continuam a existir, mesmo quando não as estamos percebendo. A árvore que cai na Floresta faz barulho, mesmo que não haja ninguém por perto para observá-la. Aqui Berkeley recorre a uma solução original e em perfeita concordância com seus objetivos. Como todas as ideias precisam ser percebidas por algum espírito e Deus se encontra em todo lugar, Deus é aquele espírito que sustenta as ideias constitutivas daquilo que chamamos de mundo externo ao percebê-las.[3] Ele as sustenta, tanto em nossa presença quanto na falta dela. Quando não percebidas por nós, elas estão sendo sustentadas, senão por outros espíritos, certamente por Deus. Assim, se é noite e o escritório de Berkeley está fechado, ele sabe que lá se encontra sua escrivaninha cheia de livros, uma vez que Deus contém e suporta essa ideia por todo esse tempo.[4] Por isso Berkeley sabe que pode percebê-la (esse est percipi possi).[5] O mesmo acontece com o fato de que sabemos que a terra se move ao redor do sol, embora não sejamos capazes de perceber isso. Berkeley responde que Deus faz com que, se estivéssemos postados nas circunstâncias adequadas, nós seriamos capazes de perceber a terra girando ao redor do sol.[6] Para ele todas essas coisas existem e são reais na mente de Deus,[7] o que nos leva a pensar que ao aprendermos sobre mundo, quer pela experiência comum quer pela ciência, estamos tendo acesso à mente divina.

   Mas então, como distinguimos as ideias da imaginação das ideias que são aquilo que dizemos perceber? A resposta de Berkeley consiste no apelo a certos critérios pelos quais distinguimos as ideias constitutivas do que chamamos de mundo externo das ideias da imaginação. As primeiras são (i) mais intensas e distintas, (ii) mais estáveis, organizadas e coerentes, (iii) não dependem de nossa vontade e ainda (iv) seguem as leis da natureza.[8] Devido a tais propriedades das ideias sustentadas por Deus nós podemos, conhecendo-as, fazer previsões e sustentar a vida. É pela bondade do espírito divino que as ideias constitutivas do mundo são conformes ao que chamamos de leis naturais, permitindo-nos conhecê-las e usá-las para nosso próprio bem. A inesperada conclusão de Berkeley é a de que seu imaterialismo, além de estar em conformidade com o teísmo, encontra-se em plena conformidade com o senso comum e que a sua filosofia é apenas uma maneira mais elevada de interpretá-lo.

   Mas que dizer de nós mesmos e de Deus? O “ser é ser percebido” não vale para tais casos. Percipi conduz ao percipere, que conduz ao percipiens. Ao percebermos as ideias notamos que existe um sujeito da percepção, um eu, que não pode ser reduzido a ideias. O eu (percipiens) é um espírito, uma alma dotada de vontade e totalmente diferente daquilo que percebe. Ele é uno, indiviso e ativo, enquanto as ideias são passivas. Por não ser como as ideias, não podemos ter ideia do que seja o sujeito, mas apenas uma noção. O mesmo se dá com Deus. As ideias que se impõem a nós e que existem mesmo em nossa ausência apenas demonstram a existência de um Deus invisível e onipresente, mas não nos permitem perscrutar sua natureza. De maneira semelhante, concluímos pela existência de outras almas que, por obra de Deus, são capazes de ter idênticas ideias de sensação...

   Ainda uma questão diz respeito a real diferença entre as ideias em Berkeley e a matéria ou substância material dos filósofos. Ora, é que a matéria existe sem um espírito para percebê-la. E a noção de um substrato substancial indizível aventada por Locke nada faz para justificar sua existência. Berkeley transforma a matéria em ideia dependente de um percipiente e a substância em um espírito que produz essas ideias. Um espírito que é Deus e que a todo momento contém e suporta todo o universo em sua existência. O imaterialismo está em perfeita consonância com o objetivo apologético de Berkeley e com a fé religiosa em geral.

 

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Para uma pessoa de fé religiosa a filosofia de Berkeley me parece defensável. Mas há problemas que ainda assim merecem ser considerados. Vejamos alguns. O seu “ser é ser percebido” é um lema arbitrário: nada indica que ao percebermos qualquer coisa nós lhe auferimos qualquer espécie de existência ou ser. Sua insistência de que sua filosofia é plenamente confirmada pelo senso comum também é muito exagerada: ninguém diz que aquilo que as propriedades que encontramos no mundo ao nosso redor são elas próprias ideias. Thomas Reid (1710-1796) foi um persistente e rigoroso crítico da filosofia da percepção de Locke, Berkeley e Hume. Ele notou que nós jamais dizemos que percebemos ideias, a não ser quando elas nos aparecem sob formas enganosas, como nos sonhos e alucinações. E chamar as ideias de percepções, como mais tarde Hume o fez, é um brutal abuso da linguagem. Reid via as ideias como parte do modo como a mente opera: o esquema correto para ele não é: “o sujeito percebe a ideia que é a coisa externa”, mas “o sujeito (através da ideia) percebe a  coisa externa.”

   Por oposição a Berkeley é possível propor que os conteúdos da sensação por ele chamados de ideias tenham uma face de Janus, podendo ser ora entendidos como (a) propriedades e grupamentos de propriedades no mundo externo e ora como (b) ideias mentais internas dessas propriedades e configurações de propriedades, dependendo do contexto no qual os situamos.

   Uma analogia torna essa distinção clara. Considere a imagem projetada pela lente ocular de uma luneta. Postando um olho na projeção da ocular nós vemos um corpo celeste, digamos, a Lua. Mas a projeção é uma mera imagem que reproduz o disco lunar. É fácil demonstrar isso colocando uma tela em seu lugar: nela veremos a reprodução do disco lunar (mais comum é se fazer isso quando o corpo celeste é o sol). Ora, ninguém dirá que o objeto de nossa visão da Lua é sua projeção feita pela lente ocular em nossa retina. O que dizemos é que vemos a Lua diretamente por intermédio dessa projeção. O mesmo podemos dizer de nossas ideias ou sense data. Elas não são objetos da percepção, mas o meio pelo qual os percebemos. E do mesmo modo que a imagem projetada, ela é similar ao objeto percebido.

   Ora, assim como temos critérios físicos que nos permitem distinguir a imagem projetada pela lente ocular das configurações de propriedades que constituem o que vemos como a Lua, mesmo sendo ambas semelhantes, há também critérios para distinguirmos a ideia ou sense data que temos das configurações de propriedades que constituem o objeto percebido. Acidentalmente Berkeley fez um razoável catálogo desses mesmos critérios no parágrafo 30 do Tratado:

 

As ideias dos sentidos são mais fortes, vívidas e distintas do que as da imaginação; tem estabilidade, ordem e coerência, e não são randomicamente produzidas, como em geral ocorre com as que são efeitos da vontade humana, mas em cadeias e series de admirável conexão, como testemunhas suficientes da sabedoria e benevolência de seu autor [Deus]. Ora, o conjunto de regras ou métodos estabelecidos pelos quais a Mente da qual dependemos excita em nós as ideias do sentido são chamadas leis da natureza. E isso nós aprendemos pela experiência, que nos ensina que tais e tais ideias são acompanhadas por tais e tais outras ideias no curso ordinário das coisas.

 

Poderíamos dizer que a satisfação conjunta de todas essas condições simplesmente define aquilo que chamamos de existência externa de uma configuração de propriedades como, digamos, a do disco lunar. Mais ainda: quando sob tais condições é dada uma combinação de propriedades, as quais se adiciona dureza, massa e peso, diremos que se trata de um corpo ou substância material. Isso é o que nos diz o senso comum.

   Mas então o que permite a Berkeley insistir que configurações de propriedades visíveis não sejam na verdade propriedades de corpos materiais, mas ideias mentais? A resposta está na face de Janus do conteúdo da percepção e no apelo a Deus.

   No que diz respeito à face de Janus trata-se do fato de que as propriedades (a) costumam ser fenomenalmente idênticas às ideias mentais (b). Elas são idênticas da mesma forma que a projeção da imagem da Lua é idêntica ao disco lunar que vemos no céu. Há, porém, critérios para distingui-los. No caso da luneta temos que a localização da projeção é muito diversa da localização do disco lunar, além de seguirem regras diversas. Em nosso caso temos que a localização de uma ideia no interior de nosso aparelho perceptual é muito diversa de sua localização como propriedade lá fora, além de cada coisa seguir regras muito diversas. E os critérios para que o conteúdo sensório seja interpretado como propriedade real externa são basicamente os lembrados por Berkeley: máxima intensidade perceptual, estabilidade e coerência, independência da vontade, conexão, seguimento das leis naturais...

   O segundo ponto é o apelo a Deus como aquele que possui as ideias que temos como sendo propriedades reais externas. O Deus de Berkeley está no lugar da substância de Locke e, por isso mesmo, sujeito ao mesmo tipo de objeção feita por ele mesmo à substância, como uma hipótese sem o menor fundamento experiencial. Se tivermos em mente essas duas considerações o argumento de Berkeley perde muito de sua força persuasiva.

   Resta ainda explicar o que faz com que a ideia mental possa ser considerada fenomenalmente idêntica à qualidade física externa (“ideia” para Berkeley) cujo nome usual é “aparência física”.  A resposta é que escolhemos dizer assim porque ela repete as propriedades relevantes da aparência física. O vermelho é uma cor oposta ao verde, quente, agressiva, sensual. Não podemos ao certo saber se outra pessoa que vê o vermelho está tendo a mesma experiência fenomenal. Um outro ser vivo, até mesmo uma outra pessoa, poderá ter acesso a qualidades fenomenais diferentes (uma águia diferencia melhor certas cores e tem visão mais aguçada, adicionando propriedades ao fenômeno, mas, o que é essencial, sem com isso alterar suas propriedades relacionais externas, os critérios através das quais distinguimos o fenômeno como sense datum do fenômeno como a aparência física externamente dada.) São as relações dadas pelos critérios de realidade externa resumidos pelo próprio Berkeley que garantem o que o senso comum nos permite chamar de “materialidade” da aparência física externa das coisas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Treatise, Intr. sec. 6-16.

[2] Treatise, Intr. sec. 12.

[3] Three Dialogues Between Hylas and Philonous (Chicago: Open Court 1906), p. 65. A palavra ‘perceive’ usada aqui por Berkeley não tem o sentido usual, uma vez que ele concorda que Deus não possui órgãos sensíveis (p. 106).

[4] Treatise, sec. 3.

[5] J. P.  Urmson foi o autor da tese segundo a qual existem dois Berkeleys: o oficial, defendendo que ser é ser percebido, e um Berkeley oculto, segundo o qual ser é poder ser percebido, que pode ser encontrado nos cadernos de notas, onde encontramos frases como “o cavalo está na estrebaria, como havia sido percebido antes”. Essa última tese é mais plausível, pois sugere que nossa certeza da existência permanente das coisas pertencentes ao mundo externo consiste em tê-las percebido, quer pessoalmente, quer por inferência a partir de outras percepções, quer por testemunho. (J. O. Urmson: Berkeley (Oxford: Oxford University Press 1982). John Stuart Mill irá defender algo semelhante. Para ele a matéria é a permanente ou garantida possibilidade de sensações (ver Examination of Sir William Hamilton’s Philosophy, IX)

[6] Treatise, sec. 58.

[7] “But then to a Christian it cannot surely be shocking to say, the real tree, existing without his mind, is truly known and comprehended by (that is, exists in) the infinite mind of God.” Three Dialogues Between Hylas and Philonous (Chicago: Open Court 1906), p. 97.

[8] Treatise sec. 30.

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